segunda-feira, 23 de junho de 2014
A Srta Sophie
Eu a vi, e como não acha-la bela?
Se nela está a fonte da beleza.
Se no sorriso de imortal pureza
Estrelas e flores riem nela...
Como não se apaixonar por ela???
por seu fidalgo porte de nobreza
por sua encantadora gentileza
Prendas por que minh'alma anela
Feliz serei entre os mortais viventes
Dentre os homens todos privilegiado
Bem aventurado sobre a terra
Se obter as carícias envolventes
Que merecem todo meu cuidado
Delícias todas que este amor encerra!
Epifânio de Queiroz
A S...
Ardor em firme coração nascido
Pranto por belos olhos derramado
Incêndio em mares d'água disfarçado
Rio de neve em fogo convertido
Tu, que em ímpeto abrasas escondido
Tu, que neste belo rosto corre desatado
Qual fogo em cristais aprisionado
Qual Cristal por chamas derretido
Se és fogo, como passas mansamente?
Se és neve, como queimas a porfia???
Mas ai, que andou AMOR em ti prudente!
Pois para temperar tal tirania
Como quis que parecesse neve ardente
Permitiu que parecesse chama fria!
Gregório de Matos Guerra
domingo, 22 de junho de 2014
Soneto
Nize? Nize? Onde estas agora? Aonde espera
Achar-te uma alma, que por ti suspira;
Se quando a vista se dilata, e gira
Tanto mais de encontrar-te desespera!
Ah se ao menos teu nome ouvir puderá
Entre esta aura suave, que respira!
Nize, cuido que diz, mas é mentira
Nize, cuidei que ouvia, mas não era.
Grutas, troncos, penhascos da espessura,
Se meu bem, se minh'alma em vos se esconde
Mostra-me logo tua formosura.
Mas nem mesmo um eco me responde
Assim é certa minha desventura
Nize? Nize? Onde tu estas? Aonde!
Cláudio Manuel da Costa
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Soneto
Formosa, qual pintor em tela fina
debuxar jamais pôde ou nunca ousara;
Formosa qual jamais desabrochara
Em primavera rosa purpurina
Formosa, qual se a própria mão divina
lhe imprimisse o contorno a forma rara
Formosa, qual no céu jamais brilhara
astro gentil, estrela peregrina!
Formosa qual se natureza e arte,
Dando as mãos em seus dons e seus lavores
jamais pode imitar no todo ou parte!
Mulher celeste, soma de primores!
Quem pode ver-te sem querer amar-te???
Quem pode amar-te sem morrer de amores???!!!
Maciel Monteiro
quarta-feira, 18 de junho de 2014
CCCLXVI - Petrarca a Laura
Anjos de Deus, suas almas de eleição
cidadãos dos céus nos primeiros instantes
após a morte de Laura ainda hesitantes...
dela se achegam plenos de admiração!
Que nova luz é esta de belezas fascinantes
alma primorosa de nobre compleição?
pois daquele báratro, asilo de aflição,
jamais ascenderam dotes tão apaixonantes
E ela que feliz por ter mudado de lugar,
nivela-se aos seres mais santos e perfeitos
por um instantinho põe-se a divagar:
E atrevendo-se fitar o lar dos imperfeitos
Pergunta-me: Por que é tão lento teu vagar?
apressa em emendar logo teus defeitos!!!
Epifânio de Queiroz
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Os cisnes
vezes, algumas vezes, mar fremente
tem sido para nós constantemente
lago azul sem ondas nem espumas
Bem cedo quando desfazendo as brumas,
matinais. Surge um sol vermelho e quente
nós dois vogamos indolentemente
como dois cisnes de alvacentas plumas
Um dia um cisne morrerá por certo
Quando chegar este momento incerto
no lago onde talvez a água se tisne
Que o cisne vivo cheio de saudade
jamais se esqueça e jamais nade
acompanhado ao lado doutro cisne!!!
Júlio Salusse
tem sido para nós constantemente
lago azul sem ondas nem espumas
Bem cedo quando desfazendo as brumas,
matinais. Surge um sol vermelho e quente
nós dois vogamos indolentemente
como dois cisnes de alvacentas plumas
Um dia um cisne morrerá por certo
Quando chegar este momento incerto
no lago onde talvez a água se tisne
Que o cisne vivo cheio de saudade
jamais se esqueça e jamais nade
acompanhado ao lado doutro cisne!!!
Júlio Salusse
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Duas almas
Oh tu que vens de longe, oh tu que vens cansada
entra e sob este teto encontrarás carinho
eu jamais fui amado e vivo tão sozinho
Vives sozinha sempre e jamais foste amada
A neve anda a branquear lividamente a estrada
e minha alcova tem a tepidez de um ninho
entra ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor da nascente alvorada
E amanha quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua
Podes partir de novo, oh nômade formosa!
Já não serei tão só nem iras tão sozinha
Há de ficar comigo uma saudade tua
Hás de levar contigo uma saudade minha!!!
Alceu Wamosy
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